Do Obivious
The Smashing Pumpkins formaram-se em 1988 em Chicago. Desde esses anos até aos dias de hoje, a banda vendeu milhões de discos por todo o mundo, tornando-se um dos mais bem sucedidos grupos de rock-pop das últimas décadas. Pelo meio, a formação inicial foi desfeita permanecendo, contudo, o seu fundador e génio criativo Billy Corgan. O álbum Oceania, o seu mais recente trabalho, será um retorno aos velhos tempos?
No dia 18 de Junho chegou às lojas o mais recente trabalho dos Smashing Pumpkins - Oceania. O novo disco é um álbum dentro de um álbum, resultado do ciclo de 44 músicas chamado «Teargarden By Kaleidyscope» iniciado em 2009. Nas palavras do próprio Billy Corgan : "Oceania é um álbum totalmente diferente do que fiz no passado, mas, ao mesmo tempo, acredito que assenta nos mesmos valores musicais que sempre procurei imprimir nos Pumpkins, sejam progressivos, emocionais, épicos ou de pura inquietação".
Sejamos sinceros: Oceania fica uns furos abaixo do que os The Smashing Pumpkins fizeram no passado. Sentimos claramente uma nostalgia latente quando ouvimos a mágica discografia dos Pumpkins até Machina e verificamos que algo se perdeu irremediavelmente para sempre. Oceania não compromete, não é um mau disco. Mas não tem o carimbo das canções intemporais que os Smashing possuíam no passado. Sente-se o fantástico espírito dos álbuns Siamese Dream e Mellon Collie and The Infinite Sadness pairar em algumas composições, como na faixa dez intitulada The Chimera. Apesar de fugazes aparições que se desvanecem no riff seguinte, pequenos relances desse lado onírico musical que nos faziam sonhar, esses pedaços de encanto pumpkiano, estão lá em The Chimera, o que é sempre agradável de ouvir.
Apesar de um punhado de boas músicas (Quasar, Violet Days, Oceania, The Chimera e Pale Horse) o resto do reportório não ficará na memória. A nível de produção, nada a apontar: o álbum é tecnicamente soberbo. A típica distorção nas guitarras está lá, os riffs poderosos de Corgan também e o baterista Michael Byrne é espectacular tecnicamente. A melancolia sonora continua uma doçura para os ouvidos, assim como o característico ambiente darkwave dos Smashing, que embala cada canção - aliás, os sintetizadores são algo muito presente neste álbum. Mas apesar de tudo isto alguma magia melodiosa na construção das canções, típica da banda, se perdeu nos anos. O melhor de Oceania é provavelmente a faixa que o encerra, intitulada Wildflower. Uma bela balada ao sintetizador resgatada, com o passar dos minutos, por um belíssimo riff de guitarra.
O amor, a desilusão, a tristeza, a perda... todos estes sentimentos tão familiares na escrita de Billy Corgan mantêm-se inalterados, uma proeza reservada só aos extraordinários músicos e letristas como ele. Oceania é um disco competente. É mais bem conseguido que os últimos registos de longa duração que a banda lançou. Mas não é épico... lançando-nos a nós, apreciadores, a inquietante questão: conseguirão alguma vez mais os Smashing Pumpkins atingir o sucesso do passado?
Por tudo o que construiu e pelo legado que deixou ao mundo com a formação inicial e de maior sucesso, Billy Corgan será efectivamente sempre recordado. Os "seus" The Smashing Pumpkins figurarão na história das grandes bandas contemporâneas. Quanto a este Oceania, o tempo o dirá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário