Por Emile Lira
“Tento
entender um pouco mais da alma, (...) que me faz dançar nesta festa”. Filho de
Belo Jardim, cidade localizada no agreste pernambucano a 187 km da capital
Recife e reconhecida por ter a música como uma tradição enraizada a sua terra,
o cantor Otto pode afirmar que carrega esta arte em sua alma e em sua
história. Com os tambores, o artista fez
os sons percussivos da Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, bandas que misturavam o
maracatu, ritmo regional do Recife, com rock, batidas eletrônicas e hip hop.
Sem deixar de
lado o regionalismo nem a música sintetizada, Otto saiu do fundo dos palcos e
partiu para carreira solo, assumindo-se como cantor e gravando o disco Samba
pra Burro. Nas músicas, cantadas com o
sotaque tipicamente pernambucano, as melodias dançam como cantigas de roda, com
uma leveza que flutua no ar, como sugere o título do seu terceiro álbum, Sem
Gravidade, “no sentido de não ter problema. Está voando, sem chão” explica.
Os olhos
azuis e os cabelos louros denunciam sua origem holandesa, mas no sangue ele
carrega mesmo é o amor pela brasilidade, e, sobretudo, pelo nordeste; não
cantando suas mazelas, mas trazendo a simplicidade da região. “Uma casa pequena
com uma varanda chamando as crianças pra jantar (...)”, ele compõe com zelo. É
um intimismo aconchegante.
Hoje ele
caminha de forma independente. Longe das gravadoras lançou o Certa Manhãs
Acordei de Sonhos intranquilos. É como o despertar de mansinho, chamando para
um novo dia ensolarado, e ao contrário do título, a tranquilidade é a morada
das canções. Otto canta e clama, sem levantar bandeiras, sem gritar aos quatro
cantos, ele canta com a alma e consegue encantar.
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