segunda-feira, 18 de junho de 2012

A alma musical de Otto

Por Emile Lira


“Tento entender um pouco mais da alma, (...) que me faz dançar nesta festa”. Filho de Belo Jardim, cidade localizada no agreste pernambucano a 187 km da capital Recife e reconhecida por ter a música como uma tradição enraizada a sua terra, o cantor Otto pode afirmar que carrega esta arte em sua alma e em sua história.  Com os tambores, o artista fez os sons percussivos da Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, bandas que misturavam o maracatu, ritmo regional do Recife, com rock, batidas eletrônicas e hip hop.
Sem deixar de lado o regionalismo nem a música sintetizada, Otto saiu do fundo dos palcos e partiu para carreira solo, assumindo-se como cantor e gravando o disco Samba pra Burro.  Nas músicas, cantadas com o sotaque tipicamente pernambucano, as melodias dançam como cantigas de roda, com uma leveza que flutua no ar, como sugere o título do seu terceiro álbum, Sem Gravidade, “no sentido de não ter problema. Está voando, sem chão” explica.
Os olhos azuis e os cabelos louros denunciam sua origem holandesa, mas no sangue ele carrega mesmo é o amor pela brasilidade, e, sobretudo, pelo nordeste; não cantando suas mazelas, mas trazendo a simplicidade da região. “Uma casa pequena com uma varanda chamando as crianças pra jantar (...)”, ele compõe com zelo. É um intimismo aconchegante.
Hoje ele caminha de forma independente. Longe das gravadoras lançou o Certa Manhãs Acordei de Sonhos intranquilos. É como o despertar de mansinho, chamando para um novo dia ensolarado, e ao contrário do título, a tranquilidade é a morada das canções. Otto canta e clama, sem levantar bandeiras, sem gritar aos quatro cantos, ele canta com a alma e consegue encantar.

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